Diretor do Museu Nacional de Arqueologia desloca-se à China para participar no Fórum das Antigas Civilizações, em representação do MNA e da DGPC
Museu do Palácio da Cidade Proibida, Pequim, de 27 a 30 de outubro
O diretor do Museu Nacional de Arqueologia (MNA), António Carvalho, participa entre 27 e 30 de outubro no Taihe Forum – Fórum das Antigas Civilizações, que se realiza no Museu do Palácio da Cidade Proibida, em Pequim, na República Popular da China.
António Carvalho participa neste Fórum a convite do Diretor do Museu do Palácio da Cidade Proibida, Wang Xudong, também em representação da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
O Fórum das Antigas Civilizações foi criado em 2016 por iniciativa dos Ministérios chineses dos Negócios Estrangeiros e da Cultura e Turismo, da Agência de Notícias Nova China, da Administração do Património Cultural Nacional, do Museu do Palácio Imperial e da Fundação para a Conservação do Património da Cidade Proibida.
A iniciativa visa contribuir para a proteção e divulgação do Património e da História das Antigas Civilizações. As edições anteriores, cada uma dedicada a um tema, resultaram na assinatura de memorandos específicos.
Assim, em 2016, foi assinado a “Declaração da Suprema Harmonia”, em que os países presentes se comprometeram a fomentar o diálogo intercultural, desenvolvendo formas de proteção e transmissão do legado do património cultural dos diferentes países, bem como o intercâmbio internacional e a cooperação entre os representantes do legado das antigas civilizações, no contexto internacional contemporâneo.
Em 2017, a atenção foi dirigida ao Património Cultural do Iraque, tendo sido assinado um memorando com o respetivo Ministério da Cultura e Turismo e outro com o Museu da Acrópole, na Grécia, envolvendo o Comité de Conservação do ICOM. No Fórum de 2018, na mesma linha, foi assinado um memorando com a Direção-Geral das Antiguidades e Museus da Síria.
Em 2019 o tema do Fórum é a “Proteção do Património Cultural Comum e a Promoção do Desenvolvimento Sustentável e dos Recursos Patrimoniais e Culturais das Antigas Civilizações”.
A organização criou, em paralelo, um simpósio académico sobre as Antigas Civilizações. Neste quadro pretendem reunir especialistas da Arménia, Bolívia, China, Egipto, Grécia, Irão, Iraque, Itália e Peru, a que se juntarão representantes de organizações internacionais e países observadores convidados, como é o caso de Portugal.
Estarão presentes 21 países representados por mais de 70 palestrantes. Participarão ainda peritos ligados a organizações internacionais, destacando-se a UNESCO, o ICOMOS, o ICROM e o ICOM. Todos distribuídos por três painéis que tratarão os seguintes temas:
- Diferenças e semelhanças nas antigas civilizações.
- Heranças culturais e a sua presença e evolução na cultura contemporânea. (Painel que Portugal integra, para apresentar a forma como se investiga, recupera, valoriza e transmite o legado da Lusitânia Romana).
- A Rota da Seda vista pela lente da Arqueologia.
O objectivo principal é discutir e explorar formas de proteger o património cultural comum e promover o seu desenvolvimento sustentável enquanto recurso.
Ao convite agora dirigido a Portugal não são alheios, naturalmente, os laços históricos e o facto de a cultura ter sido assumida, pelos governos dos dois países, como uma das áreas estratégicas de cooperação entre Portugal e a China.
Recorde-se que durante a visita do Presidente da República Popular da China a Portugal, em 2018, o antigo Diretor do Museu do Palácio Imperial, Shan Jixiang, e a sua equipa, visitaram o Museu Nacional de Arqueologia.
Na apresentação realizada no Museu foi explicado à comitiva como, em conjunto com outras instituições europeias, nomeadamente de Espanha, recuperamos, estudamos, protegemos e divulgamos em Portugal a memória e a herança da Lusitânia Romana, fronteira oeste de um dos primeiros e maiores Impérios da História: o Império Romano.
Naquela data o Palácio Nacional da Ajuda acolheu uma exposição intitulada "A Rota Marítima da Seda - Museu da Cidade Proibida", que a partir de coleções do Museu de Pequim, apresentava uma imagem do que foi a interação e a comunicação das cortes Ming e Qing, na China, com o mundo exterior.
Já em Abril deste ano o Presidente República, Marcelo Rebelo de Sousa, correspondendo a um convite do seu homólogo, realizou uma visita à China onde assinou um memorando de entendimento designado “Uma Faixa, uma Rota”, que promove a cooperação dos dois países em diversos domínios. No passado mês de Junho, no âmbito do Festival de Cultura Portuguesa na China, onde esteve presente a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, a DGPC e o Museu Nacional de Azulejo apresentaram precisamente no Museu do Palácio Imperial, em Pequim, a exposição “O País das Cidades Vidradas. 500 Anos do Azulejo em Portugal”, dedicada à evolução do azulejo em Portugal entre os séculos XVI e XX.
Nesta deslocação serão realizadas ainda reuniões com Responsáveis de instituições do Património Cultural e dos Museus da China.
Importa referir que a presença do Património e da História da chinesa na História do Museu Nacional de Arqueologia não é de agora. Regista-se, por exemplo, em 2004, a exposição “Tesouros da China. As 100 maiores descobertas arqueológicas do Século XX”, resultado da boa colaboração com o Instituto de Arqueologia da Academia Social da Ciência da República Popular da China com o patrocínio do Ministério da Cultura e da Embaixada deste país em Portugal. Parcerias culturais de que as instituições de ambos os países guardam boa memória e que por isso serão lembradas nos encontros bilaterais a realizar.
Lisboa, 25 de outubro de 2019.