Energias. Perpétuo Movimento

 

Energias. Perpétuo Movimento desafia o público a descobrir a beleza imprevista na arqueologia e na engenharia das máquinas. A exposição, que pode ser vista nas Sala das Caldeiras e Sala dos Cinzeiros da antiga Central Tejo, estabelece um diálogo entre objetos pertencentes à coleção do Museu Nacional de Arqueologia (MNA) e à Coleção do Património Energético da Fundação EDP.

Este encontro entre duas instituições museológicas, o MAAT e o MNA, ocorre num momento em que este último se encontra encerrado no âmbito de um processo de remodelação no quadro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mantendo, graças à abertura de instituição vizinha, a ligação com o público.

Nas duas salas do emblemático edifício industrial da cidade de Lisboa exibem-se objetos inventados e usados pela humanidade desde a pré-história ao período industrial. Em todos estes momentos, a luta pela sobrevivência obrigou o ser humano a explorar e a intervir no meio ambiente, originando novos instrumentos para dar resposta às suas necessidades. E também para mobilizar as fontes naturais de energia como o sol, a água, o vento e o fogo, que influenciaram o rumo das sociedades humanas e que são indispensáveis ao desenvolvimento de recentes desenvolvimentos tecnológicos a partir de fontes renováveis, a caminho de um futuro comum, o da descarbonização do planeta.


Datas: 23 de abril de 2024 a 7 de outubro de 2024 | Local: MAAT Central | Organização institucional:  Fundação EDP / Museu Nacional de Arqueologia  | Curadores: João Pinharanda, António Carvalho, Rosa Goy, Ivone Maio, João Pimenta e Patrícia Batista | 
 



Pátera de Titúlcia

 

Foi inaugurado em finais de março, no Museo Arqueológico Regional da Comunidad de Madrid, a exposição Un brindis por el príncipe sobre a cultura campaniforme, que contou com peças do MNA. Por esta ocasião, o Museu Nacional de Arqueologia recebeu e expôs a Pátera Titulcia.

Entre 12 de Abril e 29 de Setembro de 2019, com a estreita colaboração do Museo Arqueológico Regional da Comunidad de Madrid, em Alcalá de Henares, na sala Tesouros da Arqueologia Portuguesa foi exibido este objeto em prata, descoberto em 2009, durante trabalhos arqueológicos que se realizavam num povoado proto-histórico carpetano no município de Titulcia, na província de Madrid. Datável entre a segunda metade do século IV até ao século III a.C., este prato cerimonial para libações rituais, profusamente decorado, reveste-se de maior interesse por, sendo de produção romana, ter sido encontrado num povoado indígena num contexto de ocultação que se explica provavelmente pelo conturbado período militar que a região atravessou antes e durante a conquista romana do território peninsular.

 

Pátera de Titúlcia

A designada Pátera de Titúlcia é uma das mais extraordinárias peças da proto-história da Península Ibérica, foi descoberta durante as escavações de 2009, numa área que pode ser interpretada como um santuário, tendo sido aí ocultada, presumivelmente entre 147 – 139 a. C., antes da destruição do edifício.

Esta Phiale com a representação de um animal fantástico, um ser híbrido, – leão / lobo – ornamentado com serpentes, vem confirmar a grande influência cultural do Oriente, comprovada pela introdução de uma iconografia plenamente assumida pelo mundo indígena peninsular. Os seres híbridos são comuns na mitologia grega antiga e abundam as representações de leões como animais míticos de raiz plenamente orientalizante, que começará a ser substituída pela do lobo, mais representativa da nova ordem social que se instala a partir do século IV e III a. C., quando se inicia a progressiva substituição das monarquias hereditárias sagradas, de caráter familiar e clientelar, pelas novas aristocracias guerreiras.

A dimensão e a forma desta peça, que permite ser usada apenas com uma mão, destinava-se a libações em rituais cerimoniais de grande significado social e simbólico. Banquetes e bebidas alcoólicas restritas às elites configuram um sinal de distinção e estatuto social elevado.

 


Pátera de Titúlcia | Pátera de libações de prata (Phiale mesómphalos)

Povoado pré-romano Carpetano de Titúlcia (município na província e comunidade autónoma de Madrid)

2.ª Metade do século IV - século III a. C.

Museu Arqueológico Regional da Comunidade de Madrid (N.º Inv. CE2009/39-1)


 

Jornal de Notícias | 10.04.2019 - Pátera de Titúlcia com 2.500 anos em exposição em Lisboa a partir de sexta-feira

 


 





Côa & Siega Verde: Arte sem limites

 

A exposição internacional Côa e Siega Verde: Arte sem limites, encontrar-se-á em exibição no Museu de Arte Popular, em Lisboa, entre 14 de julho e 23 de outubro de 2022, sendo posteriormente apresentada no Museo Arqueológico Nacional de Madrid, onde se encontrará entre novembro e fevereiro de 2023.

Trata-se de uma exposição organizada pela Junta de Castilla y León e pela Fundação Côa Parque, no âmbito do projeto Paleoarte, e tem como objetivo divulgar a arte paleolítica ao ar livre dos sítios de Siega Verde (Espanha) e do Vale do Côa (Portugal), o único bem material transfronteiriço da Europa que se encontra inscrito na lista do Património Mundial da UNESCO.

Pretende-se com esta exposição não só sensibilizar o público para as formas mais antigas de expressão artística da humanidade, como também combater a ideia, ainda muito difundida, de que estas imagens só eram produzidas no interior de cavernas e abrigos. De facto, hoje temos muitas evidências que nos asseguram que as imagens do Paleolítico Superior terão sido muito mais comuns ao ar livre que no interior de grutas e abrigos, mas a maior parte das primeiras ter-se-á perdido, ao contrário das segundas que se terão conservado melhor por estarem protegidas da intempérie. Acontece que as condições especiais do Vale do Côa e Siega Verde, designadamente a sua geologia, permitiram a conservação da arte paleolítica ao ar livre até aos nossos dias. Estes sítios constituem-se assim como raríssimos testemunhos de uma variante particular – a arte ao ar livre – de uma tradição artística europeia vigente entre, pelo menos, os 42.000 anos e os 12.000 anos atrás (a arte do Paleolítico Superior europeu).

As bases sobre as quais se alicerça esta exposição correspondem aos resultados da investigação que várias equipas, essencialmente portuguesas e espanholas, têm vindo a desenvolver na região desde há cerca de 30 anos.

Ao longo do seu percurso, o visitante encontrará peças originais, réplicas e reconstituições, assim como diversa informação textual e gráfica, aparecendo esta na forma de desenhos, fotos, vídeos e até de hologramas. A exposição é ainda pontuada por diversos elementos expositivos de carácter interativo que pretendem contribuir para uma melhor compreensão dos conteúdos apresentados.

A exposição é comissariada por Thierry Aubry, André Tomás Santos (Fundação Côa Parque), Javier Fernández Moreno e Cristina Vega Maeso (Junta de Castilla y León), igualmente editores de um livro-guia que contará com a participação outros 12 investigadores, portugueses e espanhóis.

 

 Programa Educativo:

Para além de visitas guiadas em Português, Inglês e Espanhol, o programa educativo da exposição integra oficinas de pintura dedicadas a famílias com crianças e peddy-papers dirigidos ao público escolar, para além de outras atividades, asseguradas pela equipa do serviço educativo do Museu Nacional de Arqueologia.

 

Consulte AQUI o Programa Educativo da Exposição.

 

 Horário de Visita:

   A exposição Côa e Siega Verde: Arte sem limites encontra-se acessível no horário normal de visita do Museu de Arte Popular, a saber:

   Quarta-feira a Sexta-Feira: das 10h00 às 18h00

   Sábados e Domingos: das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00

 


 





Religiões da Lusitânia. Loquuntur saxa.



Entrar num bosque, rico de árvores seculares e gigantescas, onde a grandeza dos vegetais causa espanto, e as próprias sombras infundem mistério, era para os antigos (...) fonte de sentimento religioso.

 

Leite de Vasconcellos, 1905, p.108 


 

O fenómeno religioso, na sua historicidade, tem sido alvo de múltiplas abordagens interpretativas. Recorde-se Frazer e a abrangência comparativista; Lévi-Strauss e os arquétipos estruturalistas; Dumézil e os esquemas funcionalistas; Eliade e a universalidade do simbólico. Porém, nada mais genial do que a breve metáfora engendrada pelo inglês Murray, desde logo adotada e desenvolvida por Dodds no seu irreverente estudo sobre a cultura grega e o irracional: o fenómeno religioso revela-se, em todas as épocas e regiões, como um “conglomerado herdado”. E comenta Dodds: “A metáfora geológica é feliz porque o crescimento religioso é (...) a aglomeração mais do que a substituição”. Por isso, quando hoje estudamos as religiões do passado, não procuramos apenas conhecer melhor as nossas longínquas raízes culturais, antes lidamos com qualquer coisa ainda presente – embora de forma parcelar e, por vezes, subjetiva – na nossa atual vivência como Homo religiosus que (queiramos ou não...) todos somos.


Daí, o inusitado e sempre crescente interesse que desperta, no grande público, a abordagem destes temas. Daí, o esperado êxito da [...] exposição promovida pelo Museu Nacional de Arqueologia, no virar dos milénios, sobre as Religiões da Lusitânia.


Hispania Aeterna e Roma Aeterna. Duas tradições que convergem e se sincretizam por força da Pax Romana. Mas que o Oriente, donde sempre vem a Luz, acaba por “converter”... E o “aglomerado” vai-se avolumando, encobrindo ou evidenciando aqui e além alguns dos seus componentes, mas nada perdendo, tudo armazenando. São forças secretas da Natureza, numina tutelares, divindades várias, heróis deificados, práticas rituais e mágicas, a Vida e a Morte. São textos obscuros, que é preciso decifrar para ler, são objetos e imagens de um passado duas vezes milenar que, após descodificados, se vêm a revelar bem mais presentes do que suporíamos. Será o Tempo uma quimera?


Um nome, por detrás de tudo isto: Leite de Vasconcellos, o grande investigador que, há cem anos, pela primeira vez estudou exaustiva e metodicamente as Religiões da Lusitânia. Uma homenagem? Sem dúvida! Mas, certamente, muito mais do que isso...

José Cardim Ribeiro


 


Datas: 27 de junho de 2002 > 18 de abril de 2022Local no MNA: Galeria Oriental | Organização institucional: Museu Nacional de Arqueologia | Comissariado científico: José Cardim Ribeiro | Tipo de exposição: síntese nacional