A tanta riqueza como tem esta região, junta-se a abundância de minerais.
Tudo isto constitui um motivo de admiração, pois a terra dos Iberos é riquíssima de todos estes bens (...) sendo invulgar que se encontrem conjuntamente (...) e não há palavras para elogiar mais justamente esta qualidade.
Até agora, nem o ouro, nem a prata, nem o cobre, nem o ferro nativos, foram encontrados em nenhuma parte da terra tão abundantes e excelentes.
Ainda que os gauleses creiam que têm as melhores minas de ouro (...), são melhores as da Hispânia.
Dizem que se encontram, nos rios, às vezes, pepitas com uma libra (...), que se purificam com pouco trabalho.
Estrabão (69 a.C.-17 d.C.)
O Museu Nacional de Arqueologia [...] possui nas suas coleções um número notável de objetos de joalharia antiga, provenientes de escavações ou, mais frequentemente, comprados a ourives ou aos próprios achadores, que pela sua representatividade, permite uma visão de conjunto sobre a evolução desta arte no atual território português, desde os primórdios da metalurgia até à Alta Idade Média.
Desde a remota antiguidade a Península Ibérica foi conhecida pela riqueza das suas jazidas metalíferas, onde abundavam o cobre, o estanho, o ouro e a prata. Compreende-se, com efeito, com base nos actuais conhecimentos decorrentes da investigação arqueológica, que à pobreza relativa das comunidades de pastores e agricultores do Neolítico peninsular suceda, com a adopção da metalurgia, um notável desenvolvimento económico e cultural. O primitivo comércio marítimo do Mediterrâneo e do Atlântico contribuiu para que, desde cedo, se cruzassem na Península influências de origem distinta que iriam moldar o carácter da produção artística, em particular das obras de joalharia.
in Tesouros da Arqueologia Portuguesa no Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia. Lisboa, 1980.
► Visite a exposição permanente Tesouros da Arqueologia Portuguesa.