«Lisboa Subterrânea» é, (…), uma exposição aliciante e multímoda. Não é sua preocupação a homogeneidade monolítica do discurso, mas antes a constatação da sua diversidade. Discurso construído naturalmente a partir da informação disponível, o que explica a diferente proporção do espólio nela presente, traduzindo diferentes ritmos de pesquisa e diferentes volumetrias de artefactos recuperados. Como exposição, poderia apenas pretender «mostrar». Vai mais longe, no entanto, procurando evidenciar áreas sombrias, dúvidas e interrogações, abordar questões novas ou reviver outras, que necessitavam atualização.
«Lisboa Subterrânea» é também um conceito de «geografia variável», jogando com uma área ampla que, para os tempos anteriores à nossa era, se alarga compreensivelmente a toda a Península do mesmo nome. Mas mesmo quando Lisboa é romana como a compreender sem os campos que a rodeiam, os agri olisiponensis, que abastecem a cidade?
Esta Exposição é também um apelo veemente aos seus visitantes: lá fora está a Cidade, a sua longa e complexa vida, aqui representada apenas por uma imagens-referência, por símbolos, por pistas. É necessário não esquecer que a Exposição abre a tudo o resto, às grutas de Alapraia e à colina fortificada de Leceia, às termas dos Cássios e ao enigmático edifício da Rua da Prata, à Sé e ao Castelo, à Baixa pré-pombalina...
Como Exposição, por força de razões restrita a um espaço fechado, «Lisboa Subterrânea» é a abertura e o pretexto para sair e ver.
Ana Margarida Arruda
[in «Lisboa Subterrânea», Introdução, 1994]
Datas: 25 de fevereiro 1994 a 29 de janeiro de 1995 | Local no MNA: Galeria Nascente | Organização institucional: Museu Nacional de Arqueologia / Lisboa Capital Europeia da Cultura 94 | Comissariado executivo: Simonetta Luz Afonso | Comissariado científico: Ana Margarida Arruda | Comissários: Fernando Real e Francisco Alves | Tipo de exposição: Síntese local