Esta exposição é dedicada a Melina Mercouri [1920-1994], um símbolo da luta das mulheres do século XX, a fim de assegurarem e definirem a sua posição na sociedade contemporânea.
Foto © Everett Collection
É o terceiro ano que Atenas está presente, com a Exposição “Mulheres Rebeldes na Mitologia, na História e no Drama”, na “Capital Europeia da Cultura”, desta vez em Lisboa.
Esta exposição, resume o espírito da mulher rebelde desde a antiguidade, passando por Bizâncio, até aos nossos dias. Os vasos, as figuras e os trajes, foram feitos especialmente para este efeito e são apresentados em “Lisboa 1994” pela cidade de Atenas, em homenagem àquelas destacadas personalidades, assim como ao espírito das Capitais culturais da Europa, instituição fundada na Grécia por Melina Mercouri, o símbolo da mulher rebelde.
[in texto de apresentação]
Leonidas Kouris
Presidente da Câmara Municipal de Atenas
A MULHER REBELDE NA MITOLOGIA, NA HISTÓRIA E NO DRAMA
As belas artes, o drama, a música, as ciências, as manifestações culturais e os festivais são expressão de cultura. Porém, o sentido da cultura é muito mais amplo e profundo. A cultura inclui o passado, constrói o presente e forma o futuro. Curiosidade, desejo, pensamento, raciocínio, consciência, vontade, energia criativa e desenvolvimento é o que o Homem tem adquirido através dos séculos.
A cultura existe em todas as nossas actividades. É a Pedia, a palavra grega para o conhecimento e a atitude perante a vida. É um modo de estar. A cultura encontra-se em tudo, pois está presente na nossa vida política social e económica.
Com este raciocínio dinâmico, a Instituição “Capitais Culturais da Europa” tem uma mensagem para todos. É um local de encontro para conversa, troca de impressões e comunicação, um local onde artistas, intelectuais e cientistas concentram o seu trabalho e esforço, com o fim de criar uma mentalidade europeia. É um instrumento que permite aos cidadãos europeus serem mais que espectadores, podendo participar, compreender, sentir, definir e formar novas relações e ideias no âmbito da Europa contemporânea, com todas as suas tradicionais singularidades e excentricidades.
O Centro Cultural do Município de Atenas considera sua obrigação e privilégio prestar assistência a qualquer “Capital Cultural da Europa” e encorajar a promoção cultural numa base pan-europeia.
É por isso que enviamos a “Lisboa ’94” uma exposição intitulada “Mulheres Rebeldes na Mitologia, na História e no Drama”. Esta exposição tem um tema universal, contemporâneo. As personalidades dessas mulheres são eternas e põem a mesma questão, isto é o problema da mulher que encara a sua posição, a sua classe, o seu ambiente, no conflito entre dois mundos de justiça diferentes. Recusa-se a aceitar a sua posição passiva tradicional, e desenvolve todas as forças da sua inteligência para conseguir alcançar os seus objectivos, e justificar as suas acções para além da ordem social existente.
A exposição divide-se em quatro secções:
A primeira, apresenta as mulheres da Mitologia e da História gregas como foram descritas através da iconografia Clássica Antiga, das Fontes Mitológicas da Creta Minoense, de Micenas, da Guerra de Troia, do Ciclo de Tebas e da Expedição Argonáutica. Também inclui representações de figuras como Ariadne, Helena de Troia, Cassandra, Antígona, Medeia e outras. Mulheres históricas da Antiguidade incluem igualmente a poetisa Safo e a companheira de Péricles, Aspásia. Todas elas são descritas pela arte e a literatura clássicas e representadas em pinturas sobre vasos, esculturas, etc. As peças dispostas são ordenadas de modo a contarem a história de cada mulher, tal como foi interpretada pelos artistas da Antiguidade Clássica.
A segunda secção refere-se ás mesmas mulheres dos tempos antigos que aparecem na primeira secção, Porém aqui são descritas por artistas da Idade Média, da Renascença e dos nossos tempos. A grande inteligência daquelas mulheres é ilustrada através dos séculos pela arte e a literatura e apresentadas em trajes da época.
Na terceira secção introduzem-se mulheres da era cristã, de Bizâncio e de períodos posteriores. Santa Helena com o Santo Lenho, Santa Catarina com a roda do Martírio, Hipatia com o Livro do Conhecimento, a Imperatriz Teodora com a Esfera e o Ceptro, Cassiani com o Hábito de Freira e a Imperatriz Irene com um Ícone. Todas elas se tornaram símbolos de Bizâncio.
Por fim [quarta], descrevem-se mulheres da História Grega mais recente, incluindo Bubulina, que combateu na Guerra Grega da Independência, Mandó Mavrogenos e outras, culminando com Melina Mercouri. Estas mulheres tornaram-se símbolos da luta da mulher em todos os aspetos, a fim de assegurarem e definirem a sua posição na sociedade contemporânea
Spyros Mercouris
Membro do Comité de Direcção da Capital Cultural da Europa
Pormenor de uma ânfora com figuras negras, à volta de 540 a.C.
Datas: 10 de novembro de 1994 a 18 de dezembro de 1994 | Local no MNA: Torre Oca | Organização institucional: Museu Nacional de Arqueologia; Comité Diretivo para "Lisboa '94" do Centro Cultural do Município de Atenas | Comissariado científico: Elizabeth Spathari | Tipo de exposição: Intercâmbio internacional