É longo o percurso que leva os objetos arqueológicos desde a descoberta até à exposição. Pelo meio ficam numerosas ações de conservação e restauro, que podem permitir um melhor conhecimento de materiais e técnicas de fabrico, mas podem também, se mal executadas, ter consequências irreparáveis. Por isso, nenhuma intervenção de conservação e restauro pode ser entendida como um episódio banal na vida de um bem cultural, devendo antes obedecer à seguinte sequência de requisitos: diagnóstico preliminar do estado do objeto e do seu significado cultural; registo sistemático de todas as ações efetuadas; intervenção mínima, mantendo a integridade original do objeto e justificando sempre a necessidade de adição de novos materiais; conservação preventiva, procurando antecipar futuras situações suscetíveis de provocar efeitos nocivos; visibilidade das intervenções, de tal modo que qualquer reconstituição seja facilmente discernível, sem contudo afetar a interpretação do objeto; reversibilidade das intervenções, garantindo a possibilidade de anulação de ações e remoção dos materiais adicionados, sem prejuízo da integridade original do objeto; compatibilidade dos materiais utilizados com a natureza físico química e mesmo visual do objeto.
A melhor forma de limitar os riscos inerentes a toda e qualquer intervenção de conservação e restauro é o diálogo interdisciplinar entre todos os especialistas envolvidos, com especial relevo para o conservador restaurador, o conservador de museu e o arqueólogo.
Metais
A corrosão é um fenómeno físico-químico de alteração espontâneo e irreversível, através do qual os metais se transformam em minérios, forma termodinamicamente mais estável. Este processo pode levar à própria incapacidade de reconhecimento da superfície original das peças.
Apresenta-se aqui o exemplo curioso de duas representações faciais de leão da Época Romana, que inicialmente considerados executados em bronze, são na realidade em liga de cobre dourado. O que aconteceu? O cobre, metal menos nobre, corroeu preferencialmente, depositando os produtos da sua alteração sobre a camada de ouro, a ponto de a ter tapado completamente.
Cerâmica
Grande parte dos objetos arqueológicos chegam ao museu sob a forma de cacos de cerâmica. Neste caso damos uma ideia das sucessivas fases da intervenção de conservação e restauro destes restos, até à sua exposição. Em primeiro, temos fragmentos de artefacto em cerâmica que foram sujeitos a uma primeira limpeza a seco na escavação. Ao entrar no laboratório de conservação e restauro, são lavados, dessalinizados e consolidados; são em seguida colados, executando de seguida, sempre que necessário, reintegração estrutural e cromática.
Datas: 1 de novembro de 2001 a 19 de maio de 2003 | Local no MNA: Vitrina do GAMNA | Organização institucional: GAMNA - Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia | Comissariado científico: Helena Delgado e Matthias Tissot