Datas: 5 de fevereiro de 2003 a 23 de março de 2003
Local no MNA: Galeria Ocidental
Organização institucional: Museu Nacional de Arqueologia e Museu de Pré-história de Carnac, com o apoio das Câmaras Municipais de Évora e de Carnac
Comissariado científico: Ana Isabel Santos e Mireille Lambot
Tipo de exposição: Exposição de Cooperação Internacional
Durante milénios, talvez desde há cerca de 6000 anos e até há cerca de 3000 anos antes de Cristo, edificaram-se na fachada atlântica europeia túmulos e marcadores territoriais feitos com grandes (mega) pedras (lithos) – os monumentos megalíticos, a mais antiga arquitetura pétrea da Europa, obra de agricultores e pastores primitivos, que no Neolítico investiam todas as suas riquezas numa ideologia de homenagem aos mortos e de fixação simbólico-religiosa às suas terras.
Duas das principais áreas onde este fenómeno megalítico se desenvolveu, foram a finisterra peninsular ibérica, que o Alentejo representa, e a finisterra continental gaulesa, que a Bretanha constitui. Dólmenes (ou antas, na expressão popular portuguesa) e menires povoam o imaginário da paisagem em ambas as regiões. E em ambas foram por vezes cristianizados, dando origem a antas-capelas e calvários paroquiais. É mesmo possível que existissem já nessas épocas tão remotos contactos diretos entre as respectivas populações, como o sugere alguma toponímia.
Não obstante as semelhanças, existem também diferenças no megalitismo alentejano e bretão, cujos epicentros de encontram respetivamente em Évora e Carnac. As antas alentejanas chegam a ser enormes, mas são simples: a um eventual corredor sucede-se uma única câmara funerária poligonal; as áleas cobertas e dólmenes bretões, talvez mais tardios, são mais complexos: não raro, correm geminados, em recintos com corredores e câmaras múltiplas. Os menires alentejanos ocorrem isoladamente ou agrupados na ordem das dezenas, em recintos de forma subcircular (cromeleques); os menires bretões surgem por vezes dispostos aos milhares, em cromeleques e longos alinhamentos de vários quilómetros.
Mas o encanto, quase místico, das paisagens megalíticas é o mesmo, em Évora e em Carnac. Esta exposição procura demonstrá-lo, através de fotografias onde intencionalmente se sugerem universos encantatórios, dados pela transfiguração do tempo, no caso bretão, e pela transfiguração do espaço, no caso alentejano.