Datas: 18 de maio de 2003 a 30 de dezembro de 2004
Local no MNA: Átrio do Museu
Organização institucional: Museu Nacional de Arqueologia
Comissariado científico: Ana Isabel Santos
Tipo de exposição: Apresentação de uma coleção
O Museu Nacional de Arqueologia, através do seu Grupo de Amigos, apresenta publicamente pela primeira vez, o núcleo das Terracotas Helenísticas, que constitui parte da coleção doada por Sam Levy e Família.
Este conjunto de Terracotas constitui, porventura, o mais importante núcleo do seu tipo existente em Museus do Estado Português, constituindo-se doravante como uma coleção de referência para este tipo de peças que desde o século XIX tem apaixonado gerações sucessivas de colecionadores.
A este fascínio não resistiu Sam Levy, que ao longo da sua apaixonante existência, foi reunindo pacientemente a sua coleção, centrada no tema do Teatro. Trata-se de peças maioritariamente sem proveniência ou contexto conhecidos e que só a análise técnica estilística e temática permitirá atribuir a qualquer das numerosas oficinas e centros produtores de terracotas que se dedicaram à produção em massa desta florescente “arte menor” da Antiguidade Clássica.
É com particular gosto que o Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia, comemora este Dia Internacional dos Museus, homenageando simultaneamente Sam Levy e Família.
Em homenagem e lembrança do colecionador, mantemos intencionalmente, nesta apresentação preliminar, os suportes originalmente por ele concebidos e mandados executar, recriando assim o “espírito de galeria” que presidia à colecção, tal como se mantêm íntegros os seus principais temas.
Terracotas Helenísticas - Coleção Sam Levy e Família
Tanagras é o nome por que são conhecidas pequenas estatuetas em terracota, provenientes de Tanagra, uma antiga cidade grega da Beócia, onde desde 1874 apareceram em grande abundância, nas escavações da respectiva necrópole.
A origem da produção destes objetos situa-se em Atenas, constituindo-se a Ática e a Beócia como os seus principais centros produtores. Uma produção mais tardia, localizou-se em Myrina, perto de Esmirna, alcançando uma grande difusão e popularidade.
As mais antigas produções datam do séc. VI a.C., mas é do período helenístico que provém a maior parte dos objetos que integram as grandes colecções públicas ou privadas existentes atualmente.
Deste período, duas fases são reconhecíveis: uma fase antiga (IV-III séc. a.C.) onde predomina o tipo Tanagra, e uma fase tardia (II-I séc. a.C.) onde predomina o tipo Mirina.
Divindades e Heróis constituem uma parte importante do repertório de formas, embora as máscaras de teatro e os atores sejam também particularmente abundantes. São, no entanto, juntamente com as cenas do quotidiano, tais como crianças brincando ou mulheres tagarelando, as representações de figuras femininas em variadas poses e indumentárias, que constituem o tema predileto deste tipo de produções.
Raramente ultrapassando os 20-25 cm de altura, foram produzidas em molde, sendo portanto ocas. A parte de trás, raramente moldada, foi frequentemente apenas modelada à mão, ao estilo de Tanagra. Após a cozedura, a estatueta era mergulhada num engobe branco (uma solução líquida de argila) e posteriormente pintada. O resultado final era bastante diferente do atual, com cores pálidas e desvanecidas, apresentando-se, ao invés, bastante coloridas e alegres.