Datas: 6 de maio de 2004 a 13 de fevereiro de 2005
Local no MNA: Galeria Ocidental
Organização institucional: Câmara Municipal de Cascais e Museu Nacional de Arqueologia
Comissariado científico: Professor Doutor Víctor S. Gonçalves
Tipo de exposição: Síntese local de conhecimentos
A exposição Cascais há 5000 anos: Os Espaços da Morte das Antigas Sociedades Camponesas, a inaugurar no dia 6 de Maio, insere-se numa linha de atividade iniciada pelo Museu Nacional de Arqueologia (MNA) em 1996 (com uma exposição monográfica sobre o Castro de Leceia, em Oeiras), destinada à promoção de parcerias com museus autárquicos, quando existentes, ou com gabinetes de arqueologia/património cultural e as próprias autarquias no seu todo. Pretende-se por esta via apresentar sínteses de conhecimentos de âmbito local, monográfico até, ou regional, instituindo assim uma rede museológica, que permita a pessoas e instituições a participação em projetos de óbvio interesse comum.
Os resultados deste programa assim traçado têm sido muito encorajadores, tanto para as autarquias (a apresentação de patrimónios locais num dos mais nobres espaços históricos e turísticos portugueses, o Mosteiro dos Jerónimos; o desenvolvimento da museologia e da arqueologia locais, a conservação e restauro de colecções, em certos casos, a criação de estruturas novas, por efeito do impulso catalisador dado por este tipo de colaborações, etc.), como para o MNA (o alargamento do leque de exposições e sobretudo o desenvolvimento de uma sólida consciencialização nacional, demonstrando que, no mundo dos museus, existem efetivamente amplos campos de convergência, e vantagem mútua, onde temos tudo a ganhar com a promoção da simbiose entre os planos nacional, regional e local, posta ao serviço de um conceito solidário e humanista de Cultura e de País).
Depois de Oeiras, Paços de Ferreira, Viseu, Reguengos de Monsaraz, Santarém, Tavira, etc. é chegada agora a vez de Cascais. A excelência das colecções recolhidas, provenientes das Grutas de Alapraia e de S. Pedro do Estoril, no concelho de Cascais, a qualificação superior dos técnicos envolvidos, a seriedade dos projetos museológicos e patrimoniais delineados pela autarquia, constituem garantes plenos do êxito que seguramente se alcançará. Ao que somamos um adicional e não despiciendo fator: a proximidade geográfica de Cascais desta Ocidental Praia de Belém potenciará desejavelmente a deslocação aos próprios locais de uma parte considerável daqueles que nos visitem, especialmente num momento em que por força do EURO 2004, teremos um aumento muito significativo dos nossos fluxos turísticos.
O comissário científico da presente mostra, Professor Doutor Víctor S. Gonçalves, Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, sublinha que, embora em número reduzido, as peças provenientes do concelho são de altíssima qualidade e justificam, por isso mesmo, uma exposição de âmbito nacional e internacional, promovendo o conhecimento intrínseco dos materiais, dos povos e dos rituais associados à morte e às cerimónias fúnebres, junto de um público alargado, no melhor contexto possível, ou seja, num museu preparado de raiz para receber o espólio em questão. As séries de peças que irão ser apresentadas ao público encontravam-se encerradas nas reservas do Museu Condes de Castro Guimarães e, também, no Museu do Instituto Geológico e Mineiro, e têm agora uma oportunidade de excelência de serem trabalhadas e mostradas, funcionando como prelúdio para a inauguração do Museu de Arqueologia de Cascais, cuja elaboração do projeto está já em bom andamento.
A exposição apresenta os materiais de maneira inovadora, por grupos artefatuais: os de sílex, de pedra polida, de cerâmica e ourivesaria. Entre outros, destacam-se, por exemplo, as taças decoradas com pé e os vasos campaniformes.
Os núcleos serão acompanhados por pequenos textos explicativos que constarão, também, da abertura dos capítulos do livro a ser lançado na ocasião, não um mero catálogo, mas uma obra de fundo sobre este vasto tema.