Datas: 5 de junho de 2006 a 31 de dezembro de 2006
Local no MNA: Torre Oca
Organização institucional: Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS) e Museu Nacional de Arqueologia (MNA)
Comissariado científico: Francisco Alves, Patrícia Carvalho e José Bettencourt.
Comissário executivo: Mário Jorge R. Almeida
Tipo de exposição: Síntese de conhecimentos
Exposição dedicada ao navio quatrocentista descoberto na Ria de Aveiro na primeira metade dos anos noventa.
Exumados e estudados pelo Centro Nacional de Arqueologia Náutica (CNANS), os vestígios deste navio foram datados pelo radiocarbono dos meados do século XV e consistem numa importante parte do seu casco e da sua carga de cerâmicas.
A parte preservada do navio Ria de Aveiro A constitui, à escala internacional, o mais antigo vestígio da tradição de arquitetura naval dita ibero-atlântica e o único exemplo mais próximo e coevo da caravela dos Descobrimentos. O que é tanto mais importante quanto ilustra rigorosamente e precede de mais de um século os preceitos da versão erudita daquela arquitetura, apesar de manifestamente ter sido construído num modesto estaleiro regional.
Por sua vez, a carga de cerâmicas do navio Ria de Aveiro A, que ao longo de mais de cinco séculos se derramou e distribuiu de modo compacto em torno dos destroços do navio, com os seus milhares de fragmentos e as suas dezenas de peças intactas, representa a mais vasta, completa, e íntegra coleção de cerâmica tardo-medieval portuguesa de uso comum, do conhecido fabrico regional de Aveiro – facto hoje traduzido no estabelecimento de uma tipologia de mais de trinta formas e variantes, que consubstanciam, com os restos do navio, o metafórico conceito de “cápsula do tempo”.
A exposição, inicialmente apresentada no Museu Marítimo de Ílhavo e resultante da sua colaboração com o CNANS, apresenta o enquadramento histórico-arqueológico da descoberta e das investigações realizadas, uma vasta e significativa amostra da carga do navio, assim como uma maqueta à escala natural dos respetivos vestígios arquiteturais – que constitui uma inovação museográfica e científica, na medida em que foi elaborada a partir dos registos de pormenor de cada peça nesta escala (1:1) – o que permitiu reproduzir toda a parte preservada com assinalável exatidão.