Datas: 1 de agosto de 2006 a 28 de setembro de 2007
Local no MNA: Vitrina do GAMNA
Organização institucional: GAMNA - Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia
Báculo. n.º 989.29.1; Proveniência: Anta 4 da Herdade das Antas, Montemor-o-Novo;Aquisição: Escavações efetuadas pelo diretor do MMNA, Prof. Dr. Manuel Heleno;Datação: Neolítico Final / Calcolítico Inicial (4º / 3º milénios a.C.)
Descrição: Báculo em xisto de dorso serrilhado, decorado geometricamente no verso e liso no reverso. Apenas a pega foi deixada lisa. A decoração estende-se ao longo do resto da peça: do cabo para o topo: cinco bandas horizontais preenchidas a triângulos lisos alternando com triângulos cheios; segue-se uma banda mais larga preenchida a espinhado; após esta, apresenta treze bandas com a mesma decoração de triângulos; a parte superior do báculo apresenta uma banda larga de espinhado; a rematar, apresenta uma última banda com os mesmos triângulos; Classificação: “Bem de interesse nacional”, Decreto nº 19/2006, de 18 de Julho.
Os BÁCULOS (assim chamados pela similitude que apresentam com os báculos episcopais cristãos) ocorrem exclusivamente nos contextos funerários megalíticos do território português, com uma distribuição sensivelmente idêntica à das placas de xisto gravadas. Porém, são muito mais raros do que as placas: estas contam-se na ordem dos milhares, enquanto os báculos não chegam à meia centena.
O seu significado, como sempre acontece em objetos ideotécnicos sem clara continuidade em épocas históricas, é motivo de diversas interpretações. As mais antigas sugeriram que pudessem ser objetos rituais, reminiscentes de um “culto fálico” ou de um “culto do machado”. As mais recentes apresentam-nos como símbolos de poder civil ou de poder civil e religioso simultaneamente, como é frequente acontecer nas sociedades agro-pastoris de carácter tradicional. Victor S. Gonçalves, baseado na distribuição espacial dos três báculos da região de Reguengos de Monsaraz, chegou a sugerir que os báculos correspondessem a símbolos identitários de chefaturas.
A peça aqui exposta constitui o mais notável exemplar até hoje conhecido, quer quanto à sua forma apurada e grande dimensão, quer quanto à sua decoração gravada e silhueta denteada.