Datas: 31 de janeiro de 2008 a 23 de março de 2008
Local no MNA: Galeria Ocidental
Organização institucional: Fundação Helénica para a Cultura
Tipo de exposição: Exposição de Cooperação Internacional
Todos somos roubados. História Perdida, uma exposição acerca do comércio ilícito de antiguidades no mundo.
"O saque de sítios arqueológicos continua a ser muito comum, e em alguns países é tão grave que compromete qualquer esperança em organizar uma história autónoma desses territórios.
Lembremo-nos de que a perda mais importante causada pelo saque, é a perda de informação. Com a destruição desses sítios perde-se o contexto dos achados, mesmo que estes sobrevivam..."
Lord Colin Renfrew, arqueólogo
É famosa a remoção dos Mármores do Parténon por Lord Elgin, em 1801. Menos conhecida é a extensão do saque de sítios arqueológicos em todo o mundo, atualmente: de tal modo que grande parte das antiguidades que aparecem à venda no mercado de arte foram ilegalmente escavadas e retiradas clandestinamente do seu país de origem.
O cada vez maior número de museus nos EUA e a procura crescente de antiguidades por parte de colecionadores privados na Europa, América do Norte, Japão e Austrália esgotaram o fornecimento de antiguidades legais. Poucos são os objetos de colecções antigas, constituídas durante o século XVIII, que surgem no mercado. O comércio atual baseia-se principalmente no tráfico, roubo e pilhagem.
Ao contrário dos Mármores de Elgin, nunca se conhecerá o contexto e a proveniência destes objetos. Nunca ficaremos a saber porque foram criados e o que nos têm a dizer sobre o passado. Retirados do contexto, perdem o seu valor histórico.
A escalada de depredação do património arqueológico não passou despercebida à comunidade internacional. Em 1970, a UNESCO adotou a "Convenção relativa às Medidas a adotar para Proibir e Impedir a Importação, a Exportação e a Transferência Ilícitas da Propriedade de Bens Culturais". A Convenção entrou em vigor em 1972, depois da sua ratificação por quatro países. Atualmente, 109 países adotaram a Convenção. OS EUA assinaram-na em 1983, a Grã-Bretanha em 2003.
Depois da Convenção da UNESCO, houve museus, colecionadores e negociantes que continuaram a comerciar em antiguidades de proveniência desconhecida, começando a utilizar documentos forjados para proteger as suas atividades. Como se tornava cada vez mais difícil para os museus ocidentais comprar antiguidades, constituíram-se, então, novas e vastas colecções privadas, contendo antiguidades de proveniência desconhecida, que nunca tinham sido vistas anteriormente. Por sua vez, estas colecções foram expostas, emprestadas ou compradas por museus importantes no ocidente.
Embora as aquisições feitas por grandes museus tenham sido amplamente criticadas, o saque em África, na Ásia e na América Latina tornou-se mais destrutivo devido ao aumento dos preços do mercado de arte.
Na Grécia, por exemplo, devido ao saque extensivo praticado nas Cíclades, perdemos a oportunidade de descobrir mais sobre o uso e função dos ídolos cicládicos, bem como sobre a história destas ilhas durante a Idade do Bronze. Do mesmo modo, a destruição do património cultural de Chipre intensificou-se depois da invasão turca. O tráfico de antiguidades aumentou de forma descontrolada na parte ocupada de Chipre. Estima-se que tenham sido roubados 15 a 20 mil ícones bizantinos, mosaicos e pinturas murais.