O insondável mistério da morte gera nas sociedades humanas distintos modos de lidar com os sentimentos de perda e ausência.
Nas atitudes em face da morte se percebe como se convive com o fim da vida.
Que a terra te seja leve (Sit tibi terra levis, segundo a fórmula consagrada pelos romanos), se conserva ainda uma existência subterrânea; descansa em paz (Requievit in pace, segundo a fórmula consagrada pelo Cristianismo), na esperança da ressurreição. De uma fé a outra se encerra um percurso civilizacional, da Roma pagã ao mundo do cristianismo, que sobreviveu à dissolução política do velho império, mas uma mesma interrogação intemporal.
Apresenta esta exposição, pela primeira vez de um modo sistemático, duas necrópoles romanas que foram escavadas em distintas fases da vida deste Museu.
As necrópoles propriamente ditas espelham bem o alcance e limitações do registo arqueológico. Dos complexos ritos que envolvem a última homenagem, somente parcos resíduos materiais se conservam. Contudo, se nem esses escassos indícios fossem devidamente lidos e salvaguardados, que restaria então?
Aqui se evocam as gentes da Fraga (em Marco de Canavezes) e da Silveirona (em Estremoz), do Norte e do Sul do espaço hoje português, mas também os dois primeiros diretores do Museu Nacional de Arqueologia (José Leite de Vasconcelos e Manuel Heleno) que, pela escavação as resgataram do esquecimento.
Exposição integrada no programa comemorativo do 150.º aniversário do nascimento do Doutor José Leite de Vasconcelos
Datas: 22 de abril de 2008 a 26 de fevereiro de 2009 | Local no MNA: Galeria Ocidental | Organização institucional: Museu Nacional de Arqueologia | Comissariado científico: Carlos Fabião, Mafalda Dias e Mélanie Cunha | Comissariado Executivo: Ana Melo | Tipo de exposição: Apresentação de colecções.