Datas: 21 de fevereiro de 2013 a 30 de ABRIL de 2013
Local no MNA: Auditório
Organização institucional: Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo e do Museu Nacional de Arqueologia.
Comissariado científico: Luiz Oosterbeek
A exposição que agora se apresenta no Museu Nacional de Arqueologia – Mudança Global, Símbolos e Tecnologia nas Origens do Agro-Pastoralismo no Alto Ribatejo(*) - prossegue aquela que tem sido uma das linhas de ação mais profícua das atividades públicas deste Museu ao longo da última década: a de dar a conhecer, numa linguagem que se deseja acessível ao grande público, o resultado de vários projetos de investigação arqueológica realizados por todo o país, os quais, por sua vez, têm contribuído para o conhecimento e compreensão do passado humano mais distante no território que hoje é Portugal.
Para além desta virtualidade óbvia, a presente exposição tem a vantagem de favorecer a aproximação do público a um tema porventura menos conhecido da Pré-história em Portugal. De facto, a história do tempo em que terá ocorrido a transição do paleolítico para o neolítico, uma das mais complexas etapas do desenvolvimento humano, em concreto no vale do Tejo, numa região que poderemos definir como o Alto Ribatejo (mas também por Ribatejo Norte ou Médio Tejo), merece ser levada ao conhecimento de um maior número de pessoas, até porque os resultados das escavações realizadas ao longo das últimas três décadas em sítios arqueológicos que se situam nos atuais concelhos de Alcanena, Abrantes, Chamusca, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã, Mação, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha, têm contribuído para a constituição de um repositório de enorme valor científico e patrimonial que pode ser admirado parcialmente na exposição.
Uma exposição que nos fala de um tempo que importa resgatar, mas também, concretamente, de um território de enorme importância e repleto de simbolismo: o Alto Ribatejo, na sua matricial relação com o maior rio ibérico - o rio Tejo como catalisador civilizacional - e seus principais afluentes nesta região. É este, de facto, um lugar singular, com um notável corpus de Arte Rupestre, menos conhecido do grande público do que o mundialmente divulgado conjunto de gravuras do Vale do Côa, mas possuidor de enorme importância cultural. Um território que, como se atesta na exposição, acolheu diversos grupos humanos durante a Pré-história em diferentes estádios de sedentarismo e onde as múltiplas escavações arqueológicas das últimas décadas têm identificado e permitido exumar um igualmente importante conjunto de artefactos, reflexo das diferentes tecnologias e das estratégias de adaptação ao meio praticadas no caminho para o agro-pastoralismo. Enfim, um puzzle complexo e abrangente, composto por várias peças de delicados contornos, cujo possível desenho se procura interpretar e partilhar com os visitantes.
No âmbito da estratégia de divulgação da Pré-história do vale do Tejo – nas suas múltiplas manifestações – para além das fronteiras do seu território intrínseco, o Museu de Arte Pré-histórica e do Sagrado de Mação desloca-se ao Museu Nacional de Arqueologia, espaço privilegiado para o diálogo de novas descobertas com antigas memórias.
O tema cruza-se com a própria história das investigações arqueológicas realizadas por equipas do Museu Nacional de Arqueologia e com as suas colecções e une-se a outras instituições, como o Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo em Mação e o Instituto Politécnico de Tomar, entidades promotoras da presente exposição, verdadeiros interfaces privilegiados na interpretação e divulgação dos trabalhos e descobertas prosseguidas desde há décadas de forma pioneira por vários investigadores e equipas no terreno, entre os quais pontuam Luiz Oosterbeek, Luís Raposo, Ana Rosa Cruz e Pierluigi Rosina, mas também uma nova geração de investigadores (Nelson Almeida, Sara Cura, Sara Garcês, Jedson Cerezer, Ivo Oosterbeek, Pedro Cura, Tiago Tomé, Cristiana Ferreira, Hugo Gomes) que assinam textos neste catálogo. Um trabalho empreendido a muitas mãos que se apresenta agora no Museu Nacional de Arqueologia.