Phantasmagoria: uma sequência de imagens reais ou imaginárias. Da raíz “phantasma”, que significa “fantasma”, com “agora”, significando “assembleia”.
O pincel conduziu a lixívia na abertura de pontos de luz numa folha de papel coberta com tinta permanente. Mancha e linha foram subtraídas à tinta seca, que a lixívia corroeu, à semelhança de certos processos de gravura, tais como a água-forte ou o sugarlift. Inverteu-se, assim, o procedimento mais ortodoxo de inscrição de um positivo (material plástico) sobre um negativo (folha branca). Esta técnica tem, no entanto, uma particularidade provocada pelo desfasamento temporal entre o gesto do desenhador e o aparecimento do traço na folha. Isto significa que as figuras vão surgindo, lentamente e com delay, como que emergindo do interior da superfície tingida, revelando-se gradualmente em contornos indefinidos e imprecisos, sugestivas evocações da aparência do modelo. O que é dado a ver é, finalmente, uma marca residual,... um fantasma.
O Museu Nacional de Arqueologia protege a história e a memória de objectos com milhares de anos que, ainda assim, mantêm o seu potencial de reativação. O desenho surgiu então como uma maneira quase xamânica de reavivar esses espíritos dormentes nos corredores, prateleiras e caixas, que constituem as reservas de um museu. O MNA disponibilizou aos alunos do Ar.Co. – Centro de Arte e Comunicação Visual um abundante reservatório de fantasmas expectantes de ressurreição, em que o Passado se fez Presente, e uma aula de desenho se transformou numa sessão de espiritismo.
Esta actividade é uma iniciativa da Professora Margot Vilaça, contou com a participação das alunas Beatriz Jervell, Lara Revez Barão, Nadia Frolova, Sara Maria Lapão Costa, Mariana Marques Veloso, e foi acompanhada pelo Serviço de Inventário de Coleções do MNA. [PARTE 2/3]