No dia 28 de Novembro de 1998, no decurso de uma expedição ao Abrigo do Lagar Velho, foi descoberto o lugar de enterramento de uma criança com cerca de 4 anos, à qual foi dado o nome de Criança do Lapedo, tornando-se a primeira sepultura do Paleolítico Superior identificada na Península Ibérica.
A escavação minuciosa da sepultura permitiu a reconstituição do ritual de enterramento.
Depois de escavar uma pequena fossa e queimar ali um pequeno ramo de pinheiro-silvestre, a criança foi embrulhada numa mortalha tingida com ocre vermelho. Junto ao pescoço tinha uma concha de um bivalve marinho que possivelmente integraria um colar.
A recolha de quatro dentes de veado perfurados junto aos fragmentos do crânio sugere, por seu lado, a existência de uma touca ou de um diadema.
O Decreto-Lei n.º14/2021, de 7 de junho, classificou como bens de interesse nacional, com a designação de «tesouro nacional», entre outros, o esqueleto da Criança do Lapedo e artefactos arqueológicos associados.
O esqueleto da Criança do Lapedo encontra-se no Museu Nacional de Arqueologia e integrará a futura exposição de longa duração a inaugurar no renovado museu saído das obras de remodelação no âmbito do PRR.
Nas imagens: Cidália Duarte, Técnica Superior da Direção-Regional de Cultura do Norte, e uma das arqueólogas que, conjuntamente com João Zilhão e Ana Cristina Araújo, recuperaram o esqueleto procede à reetiquetagem do mesmo, substituindo as etiquetas antigas por umas novas em materiais mais apropriados e duradouros e o conceituado antropólogo Erik Trinkaus que, com a equipa de João Zilhão, estudou o espólio osteológico com o diretor do MNA, António Carvalho, junto de parte do esqueleto.