Museu do Douro | 03.11 > 27.11.2022
O conjunto de dez Terracotas Helenísticas selecionado para esta exposição, faz parte de um conjunto mais vasto de Bens Culturais doados por Sam Levy ao Museu Nacional de Arqueologia em 1997, que integra um conjunto de cinquenta e sete terracotas.
A origem da produção destes objetos situa-se na Ática e na Beócia datando as mais antigas do séc. VI a.C., mas é do período helenístico que provém a maior parte dos objetos que integram as grandes coleções públicas e privadas atualmente existentes. Deste período, duas fases são reconhecíveis: uma fase antiga (IV-III séc. a.C.) onde predomina o tipo Tanagra, e uma fase tardia (II-I séc. a.C.) onde predomina o tipo Myrina. (...)
Raramente ultrapassando os 20-25 cm de altura, foram produzidas em molde, sendo portanto ocas. A cabeça moldada separadamente, era posteriormente unida ao corpo. A parte de trás, raramente moldada, foi frequentemente apenas modelada à mão, ao estilo de Tanagra. Após a cozedura, a estatueta era mergulhada num engobe branco (uma solução líquida de argila) e, posteriormente, pintada com pigmentos de cores variadas, que contribuíam para realçar o movimento, forma e expressão plástica.
Divindades e Heróis constituem uma parte importante do repertório de formas, embora as máscaras de teatro e os atores sejam também particularmente abundantes. São, no entanto, juntamente com as cenas do quotidiano, tais como crianças brincando ou mulheres tagarelando, as representações de figuras femininas em variadas poses e indumentárias, que constituem o tema predileto deste tipo de produções.
Perante tão notável, e a todos os títulos impressivo, conjunto de obras de arte, o Museu Nacional de Arqueologia, Museu também de território e sempre a olhar para o todo nacional, não podia deixar de responder afirmativamente ao desafio lançado por José Pessoa [comissário da exposição] ao Museu do Douro - Museu integrado na Rede Portuguesa de Museus e na Rede de Museus do Douro - entidade com a qual celebrámos um acordo de cedência dos bens agora expostos que enquadra a materialização de tão ambicionado desejo.
Esta exposição não deixa também de ser uma espécie de homenagem a Sam Levy e a todos colecionadores que, em determinado momento da sua vida, olham para os Museus como os locais certos para vir a garantir “vida eterna” aos bens pelos quais se apaixonam, e que paciente e focadamente recolhem por diversas formas, ao longo da vida. (...)
Lisboa, 5 de Fevereiro de 2020
António Carvalho
Diretor do Museu Nacional de Arqueologia
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Ana Isabel Palma Santos
Conservadora do Museu Nacional de Arqueologia
♦ Catálogo | Fotografia Documental // Terracotas Helenísticas do Museu Nacional de Arqueologia
► A exposição poderá ser visitada no Museu do Douro até ao próximo dia 27 de novembro de 2022.