No momento de despedida, o Museu Nacional de Arqueologia não pode deixar de se associar à homenagem pública ao Professor Doutor Victor S. Gonçalves, recordando a sua presença constante e a estreita parceria ao longo de mais de cinco décadas.
Iniciou a sua colaboração com o MNA ainda nos anos setenta do século XX, fixando a sua investigação nas páginas d’O Arqueólogo Português, quando o seu antigo Professor, D. Fernando de Almeida, era diretor. Publicou na III série, três artigos e três recensões bibliográficas; na IV série, sete artigos e na V série, três artigos, num total de 16 colaborações entre 1970 e 2017.
Assumiu igualmente o papel de comissário científico em três importantes exposições que marcaram a programação do MNA: “Reguengos de Monsaraz: Territórios megalíticos” (outubro de 1999 a maio de 2000); “Cascais há 5000 anos: espaços da morte das antigas sociedades camponesas” (maio de 2004 a fevereiro de 2005); “Loulé. Territórios, Memórias, Identidades” (junho de 2017 a junho de 2019), coordenando cientificamente os catálogos ou contribuindo com textos relevantes. A sua última colaboração com o MNA ocorreu em 2021 na exposição internacional “Ídolos. Olhares Milenares/Ídolos. Miradas Milenarias”.
Entre a estreita ligação de Victor Gonçalves com o MNA, destaca-se ainda o projeto PLACA NOSTRA, a partir de 2003, com o objetivo de construir um Corpus com as placas de xisto gravadas e elaborar estudos de referência. A publicação modelar das placas de xisto da região de Évora, da necrópole das Baútas, das Grutas Artificiais de Carenque, de Aljezur, do Tholos do Escoural, entre outras, são um capital de conhecimento insofismável.
Uma última palavra para sublinhar o contributo de Victor S. Gonçalves, na sua qualidade de fundador e primeiro Diretor da UNIARQ - Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, na construção com os diretores do MNA, de uma relação de profícua colaboração entre ambas as instituições, reatando em Democracia, e num quadro institucional distinto, a histórica ligação de quase 70 anos existente entre a FLUL - Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o Museu. Esta aproximação progressiva foi enquadrada por um protocolo celebrado em 2007, subscrito também pelo então Diretor do MNA, Luís Raposo, e pelo Presidente do Conselho Diretivo da Faculdade, Álvaro Pina.
Todo este processo contribuiu decisivamente para a posição do MNA como parceiro estratégico da UNIARQ, junto da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
♦ Victor S. Gonçalves, MNA 2017, inauguração da exposição “Loulé. Territórios, Memórias, Identidades”. Foto @ Pedro Barros.